Os pedidos de recuperação judicial e encerramento de atividades de empresas no Brasil continuaram crescendo em março. No terceiro mês do ano, o número de pedidos de recuperação judicial teve aumento anual de 6,8%. O número de falências aumentou 40,6% na mesma base.

No primeiro trimestre, o aumento anual dos pedidos de recuperação entre as micro e pequenas empresas foi de 44,8%. Para as médias, o índice chegou a 9%. E no caso das grandes empresas, os pedidos subiram 94,44%. Em números absolutos, as micro e pequenas empresas lideram a lista com 181 pedidos.

“Já era esperado um aumento de 50% nas encomendas do RJ neste trimestre em relação aos três primeiros meses do ano passado. No segundo trimestre de 2023, prevemos que haverá um aumento maciço nos pedidos de recuperação porque muitas empresas não vão aguentar”, diz Salvatore Milanese. O economista do Boa Vista, Rafael Ciampone, vê um agravamento da pressão sobre as empresas ao longo do primeiro semestre.

O economista Rafael Ciampone acredita difícil reversão do cenário atual: “é difícil imaginar qualquer tendência de reversão neste momento desse cenário de alta inadimplência das empresas, mesmo com eventual sinalização e início de cortes da Selic”.

A Selic é um componente muito forte da taxa final de juros para as empresas, então ainda teremos um cenário difícil até o final do ano. O professor da Escola de Economia e Administração da FGV, Joelson Sampaio, lembra também que a crise do crédito foi provocada pelo aumento da inadimplência. “A restrição de crédito pode intensificar ainda mais a piora da estrutura de capital das empresas”, diz.

A tendência é de aumento de RJs e de falências. O número é acelerado, com crescimento de quase 50% na comparação anual. Apesar do cenário difícil, o número ainda está muito longe do recorde verificado entre 2015 e parte de 2017. Na época, os pedidos atingiram o pico de 2.000 em um ano. Na previsão de Rabi da Serasa, “este ano deve encostar nos mil ou acima de mil pedidos de Recuperações judiciais. Na avaliação de Sampaio “os varejos e indústrias serão os mais afetados. Mas vejo o setor de serviço menos exposto.” diz o economista.

Fonte: Jornal Valor Econômico – Fianças